sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Ele dorme no Japão!




Para alguns, o encontro com Morpheus é algo sagrado e ritualístico. Nem todos dormem ao mesmo tempo. A maioria prefere a noite, mas outros elegem o dia, ou seja, enquanto o sol existir. Vampiros? Não, são tão normais como qualquer ser humano, mas moram num extremo do mundo, com o fuso horário do outro extremo.

E quando se encontram dois seres com fuso horário diferente? Tem que ter muita habilidade. Tudo bem que dormir mais cinco minutinhos é tolerável, mas cinco horas a mais, é tortura pra quem utiliza o sol como referência. Tive dificuldade pra entender que ele precisava de mais descanso que eu e que não era indiferença, apenas fuso horário diferente.

Mas antes de partir para sua missão, ele precisa se desligar do seu mundo adrenérgico. Algo relaxante. E quando chega o momento, ele balbucia “boa noite” com o sol da meia noite brilhando lá fora, abraça o travesseiro e “vem me dá amor”, é a sua última frase. E eu dou todo amor do mundo para o meu amor letárgico.

O mundo correndo lá fora, mas o que importa mesmo está ali do meu lado. Dormindo como um anjo, ou não, porque algumas vezes aquele ser dormente, resmunga algo como: dorrrrrme! Com entonação de ordem de um ogro, sabe. E eu, obediente, viro de costas pra que ele se enrole em mim. E mais uma vez tenho certeza que é exatamente ali que quero estar e onde sou feliz.

Sem incomodar, ele cumpre direitinho seu ritual morfético, nem fome sente. Literalmente se alimenta do sono profundo. E como dorme gostoso. Não existe cacofonia, nem roncos absurdos. Ressona suavemente. E eu espero. Sempre vale acordar com beijinhos e cheirinhos, mas claro, só depois de suas horas necessárias. Como sei o momento? Quando não tenho mais o que pensar na vida, o tédio me domina e o ápice da minha ansiedade fala mais alto.

Meu tempo é quando o sol se põe e a lua surge. Justamente, quando ele começa a viver, me encontro com Morpheus. Mas as poucas horas do dia que nos restam vivemos intensamente. E respeitar o sono do outro é um aprendizado contínuo. Mas bem mais fácil que conviver com insones.

 

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